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Circular Sabaúna 2022 - Português

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1ª Exposição do Fila Brasileiro do CAFIB em Sabaúna

Américo Cardoso dos Santos Júnior

O CAFIB – Clube de Aprimoramento do Fila Brasileiro, em atuação ininterrupta pelo melhoramento genético da raça, desde sua fundação, em 1978, vem registrando sua história e alguns fatos curiosos nas circulares que divulgam os resultados das Análises de Fenótipo e Temperamento, seguidas de Exposições, realizadas em todo o Brasil e em outros países. Essas informações também acabam por constituir um roteiro turístico pelos principais núcleos de criadores e aficionados do Fila, que abrange a vasta extensão do território nacional, desde a nascente do Rio Ailã, no município de Uiramutã (que faz divisa com a Guiana), situado no Monte Caburaí, em Roraima – que, na verdade, é o ponto mais setentrional do nosso País (e não Oiapoque, no Amapá, como antes se pensava) – até a cidade gaúcha de Santa Vitória do Palmar, da qual se emancipou o município de Chuí, que faz fronteira com a quase homônima Chuy, no Uruguai. Como curiosidade, essas duas cidades acabaram por se unir, em um processo chamado conurbação e são divididas por uma rua larga, denominada Avenida Uruguai do lado brasileiro e Avenida Brasil na calçada oposta, pertencente à República Oriental do Uruguay. É digno de nota que o extremo meridional do País também seja controvertido porque se situa na foz do Arroio Chuí, ponto que se modifica com as cheias. Esse curso d’água nasce em um pequeno pântano em Santa Vitória do Palmar, atravessa o município de Chuí para desaguar no Oceano Atlântico junto à Praia da Barra do Chuí, que, na verdade, pertence ao balneário de Santa Vitória do Palmar. E essa foz do arroio marca, ao mesmo tempo, o extremo sul do litoral brasileiro (não do território nacional) e o extremo norte do litoral uruguaio. Vale lembrar que esse país vizinho foi incorporado ao Brasil em 1821, com o nome de Província Cisplatina, mas conquistou sua independência em 1825. E nossa contínua atuação do CAFIB, há muitos anos também vem se expandindo por todo o restante do planeta, com Análises e Exposições realizadas da Argentina aos Estados Unidos, da Itália à República Tcheca.

Agora, nesta retomada da normalidade em nossas atividades, realizamos, no dia 5 de junho de 2022, a 1ª Exposição do Fila Brasileiro do CAFIB em Sabaúna. Este bucólico distrito pertence ao município de Mogi das Cruzes, que integra a Região Metropolitana de São Paulo.

A palavra indígena Sabaúna significa “concha preta” (um tipo de molusco muito comum no Ribeirão Guararema, que serpenteia ao longo do distrito) e a história do lugar começa no século XVIII, quando Álvaro Luiz do Valle, Capitão-mor da Capitania de São Vicente, doou, aos religiosos, as terras que iriam sediar o Convento do Carmo de Mogi. A área inicial foi ampliada pelos frades e transformada em uma grande propriedade rural, a Fazenda Sabaúna, onde eram produzidos todos os alimentos consumidos pelos integrantes da ordem e pelos escravos que ali viviam. Nos anos 1880, o Governo de São Paulo adquiriu essas terras para iniciar a atividade colonial e receber os imigrantes vindos de países europeus e africanos. O desenvolvimento do local muito deve à instalação da ferrovia, cuja estação, além de trazer novos moradores, também escoava sua variada produção para diversas cidades paulistas e, até, para a então capital do Brasil, o Rio de Janeiro. A construção original, feita de madeira em 1893, foi substituída pela atual, inaugurada em 1932, quando Sabaúna já pertencia a Mogi das Cruzes. Ela foi desativada em 1989, mas, atualmente, transformada em museu, permanece como atração turística preservada, assim como a pictórica casa do chefe da estação e algumas poucas residências centenárias a seu redor. Ao lado dos trilhos, vê-se a grande caixa d’água, construída em 1916, para abastecer as residências e os trens. E, por ali, em suas ruas, ainda calçadas com paralelepípedos, até hoje é comum os habitantes se deslocarem montados a cavalo, ou em charretes, como era praxe nos vilarejos de outrora.

Nessa localidade pitoresca, o estabelecimento conhecido como Pousada e Hípica Sapucaia sediou a Análise e a Exposição do CAFIB, organizada pelo criador de Filas e cavaleiro profissional Felício B. Unello, casado com Débora Mendonça de Castro Alves. Aqui, além das tradicionais modalidades do hipismo clássico e rural, como as provas de salto e de três tambores, e de atividades de lazer, como passeios e cavalgadas, também se pode praticar a quase desconhecida arquearia montada. Esse esporte é uma combinação de equitação com tiro ao alvo usando arco e flecha. Trata-se de arte milenar, surgida para a caça e a guerra, desenvolvida por hunos, mongóis, romanos e persas, tendo sido executada com notável maestria pelos indígenas dos Estados Unidos. O cavaleiro, ou a amazona (nos esportes hípicos homens e mulheres sempre competem juntos, na mesma prova), a galope, e sem segurar nas rédeas porque as duas mãos estão ocupadas com o arco e as flechas, procuram acertar os alvos dispostos ao longo da pista.

E, por notável coincidência, esse centro equestre está instalado em uma área de 120 mil m², remanescente da centenária Fazenda Cinco Pedras, parcialmente loteada e outrora pertencente ao avô da Diretora de Divulgação do CAFIB, Cíntia Mota Mendes Junqueira de Barros, casada com nosso Diretor Jurídico, Gérson Ribeiro Junqueira de Barros. Débora e suas duas irmãs compraram 40 mil m² cada uma, totalizando os 12 hectares que as três administram e que constituem este centro equestre onde está incluída a antiga sede da fazenda com algumas benfeitorias interessantes, como um velho poço, em cuja placa se lê a inscrição com o ano em que ele foi perfurado: Fazenda Cinco Pedras – 1948.

O sr. Etulain José Mota, tio da Cíntia, e que morava no local com seu irmão Édson Lage Mota, conta que essas terras, com 114 alqueires paulistas, antes pertencentes ao sr. Oberico, de São José dos Campos, foram adquiridas em 1964 pelo sr José de Oliveira Mota, que era avô da Cintia em parceria com seu tio, o sr Zé Motinha. Em 1972, a propriedade foi vendida para o comendador Valdemar Costa Neto, que realizou significativas benfeitorias projetadas por importante arquiteto da família Maluf. Em 1984, a fazenda foi comprada pelo tradicional criador de Dobermans Athayde Reis, que loteou uma parte, prevista para brevemente se tornar área urbana, e conservou o restante da propriedade, tendo o cuidado de preservar suas matas nativas, além aumentá-las, plantando diversas novas árvores. Por ali, onde existem várias grutas, podem ser vistas aves em extinção, de espécies raras, como o urutau, ou mãe-da-lua (Nyctibius griseus). Ele conta que a fazenda foi cenário de vários filmes e, quando a adquiriu, ali encontrou resquícios de uma cidade cenográfica; e que a principal atividade no local era a pecuária, principalmente leiteira. Ali se produzia e pasteurizava leite integral tipo A, além da elaboração de queijos, iogurtes e doces de leite. Hoje, a propriedade recebe turistas e oferece várias opções de lazer, como caminhadas e trilhas, principalmente até o ponto mais alto, onde se encontram as cinco pedras enormes que justificam o nome da fazenda e que oferece uma vista impressionante. Os hóspedes e visitantes costumam constituir um grupo alegre, rodeado por grande e heterogênea matilha porque seus cães, de diversas raças, os acompanham até nos passeios em jangadas no lago em que donos e pets mergulham e nadam juntos. O local, hoje chamado Centro Cinófilo e Fazenda Cinco Pedras, conta com profissionais de educação física e técnicos em veterinária para atender eventuais necessidades. Promove atividades como o “canicross”, em que os hóspedes, junto de seus cachorros, correm por caminhos acidentados; e esses mascotes em férias também podem se divertir brincando em um charco de “lama medicinal” onde a inscrição afirma: “Cachorro sujo é cachorro feliz”. Ao voltar do passeio, os animais contam com um serviço de banho, decorrente da parceria com um pet shop, para ficarem limpos e perfumados na viagem de volta para casa. Outras práticas oferecidas aos visitantes são escaladas, paintball com bolas biodegradáveis, cavalgadas, horta orgânica, restaurante e piscina. A Hípica Sapucaia, por cujos gramados transitam perus e pavões, também dispõe de uma pista cercada, e com arquibancada, para adestramento e competições caninas, além de 34 canis para hospedagem ou treinamento.

Na Análise de Fenótipo e Temperamento que, como de praxe, precedeu a Exposição, compareceram 10 cães, dos 13 previamente inscritos, tendo apenas um sido reprovado, por reação insuficiente nas provas de temperamento e sistema nervoso. A Exposição foi julgada pela criadora e secretária geral do CAFIB Mariana Campbell, que também foi a médica veterinária responsável da mostra. Atuaram como juízes auxiliares, em todo o evento, Airton Campbell (Canil Parque do Castelo), Giovani Éder Carvalho (Canil Itapuã), Fabiano Gonçalves Nunes (Canil Jawa) e Elizabeth Sayuri Hino (Canil Hisama).

Os 50 cães inscritos compareceram à pista de julgamento e os principais resultados desta 1ª Exposição do Fila Brasileiro do CAFIB em Sabaúna, válida para o 2º Campeonato Mundial do Fila Brasileiro do CAFIB foram:

MELHOR MACHO: Logan Jardim da Lapa (de Marcos Mello, de Governador Valadares, MG)

MELHOR FÊMEA: Leoa Jardim da Lapa (de Marcos Mello, de Governador Valadares, MG)

MELHOR TEMPERAMENTO: Django do Chapéu Preto (de Felício B. Unello, de Biritiba Mirim, SP)

MELHOR CABEÇA: Duna do Chapéu Preto (de Felício B. Unello, de Biritiba Mirim, SP)

MELHOR TIGRADO (menos de 1 ano): Sombra Jardim da Lapa (de Marcos Mello, de Governador Valadares, MG)

MELHOR TIGRADO (mais de 1 ano): Urutu II Recanto do Livramento (de Fernando Durão, de Linhares, ES

Em virtude de alguns falatórios venenosos sobre a suposta existência de cães negros na ascendência de alguns exemplares premiados em nossas pistas, é importante lembrar, mais uma vez, que o CAFIB, desde sua fundação em 1978, sempre desconsiderou as genealogias constantes dos pedigrees (com tantas informações mentirosas) emitidos por quaisquer outras entidades cinófilas. Sempre tivemos por regra analisar o fenótipo e o temperamento dos exemplares em pista sem dar ouvidos a intrigas e boatos, orais ou escritos, sobre a sua ascendência; e, depois, avaliamos as ninhadas por eles geradas para confirmar, ou cancelar, a aprovação na Análise.

Esta mostra de Sabaúna contou com patrocínio da Rações Quatree, pertencente à empresa Granvita, de Pará de Minas (MG), que produz e distribui variada linha de alimentos para cães e gatos. E o CAFIB registra e agradece a importante colaboração de Benedito (Benê) José de Lima Neto e do juiz Jonas Tadeu Iacovantuono, responsáveis pela secretaria na pista; do criador Gerson Ribeiro Junqueira de Barros, encarregado do som; e do cobaia Caio Henrique de Campos Cardoso, atuando nas provas de temperamento e sistema nervoso. Ficamos honrados com a presença de criadores, expositores, participantes e espectadores vindos de diversas regiões do Brasil: São Paulo (Aparecida, Biritiba Mirim, Guararema, Guaratinguetá, Guarulhos, Jacareí, Mogi das Cruzes, Paraibuna, Sabaúna, Santo André, São Paulo e Suzano); Minas Gerais (Belo Horizonte, Cordisburgo, Itanhandu e Governador Valadares); Espírito Santo (Linhares); e Paraná (Curitiba).

Os próximos eventos do CAFIB, serão em espanhol, embalados pelos sons do bandoneón e das castanholas. Realizaremos, em novembro, a 4ª Análise de Fenótipo e Temperamento do CAFIB no Uruguai, seguida, pela 2ª Análise de Fenótipo e Temperamento do CAFIB na Argentina e, teremos nossa 17ª Exposição na Espanha.

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